terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Cenas.

   A garota olha para o garoto de cabelos castanhos, meio longos, de olhos machucados. Ela segura o choro. Ela tem que ser forte. Ele está machucado demais.
   Ela o abraça o mais forte possível.
   E imagina que talvez - só talvez - aquilo tenha ajudado em algo.
-
   Ele vê outra garota. A outra é baixa e meio fofinha. Ao lado dela está um garoto. Eles estão discutindo furiosamente.
   A garota apenas olha os dois. Ela não sabe o que fazer.
   Então ela fica em posição fetal. Ela tampa os ouvidos e fecha os olhos.
   Ela só quer que a discussão acabe.
-
   Dessa vez ela está falando com um garoto. Eles são quase da mesma altura. Os olhos do garoto são, aparentemente, verdes.
   Ele não para de falar. Ela não se importa. Ela gosta de ouvir a voz dele.
   Talvez - talvez mesmo - ela estaja apaixonada.
-
   A chuva cai em seus ombros e os lábios não estão mais juntos. Ela sente algo diferente em seu estômago.
   E não são borboletas.
   Porque ela não o conheçe e ela não a conheçe.
   E é melhor que fique por isso.
-
   Ela finalmente descobre porquê sua banda favorita é sua banda favorita.
   É porque as letras a lembram de sua própria vida, e a de seus amigos.
   Ela não se importa.
   Mas ela chora de emoção.
-
   Ela não sabe o que falar. A garota de cabelo preto e mechas claras é uma grande amiga.
   Ela só quer abraçar a amiga. Sussurrar pedidos de desculpa, que ela é que é a idiota, e não a amiga.
   Ela quer mandar o amigo da amiga se foder.
-
   Ela se vê de novo com o garoto que tem quase seu tamanho e aparentemente olhos verdes. Ele está falando sobre outra garota.
   Ela sente que algo está muito errado.
   Afinal de contas, já era tarde demais ara dizer a ele o que ela sentia.
-
   Ela se vê na fila do show de sua banda favorita. Ao seu lado está sua amiga de cabelos loiros e longos.
   Ela se sente feliz.
   Não é todo dia em que se pode ver sua amiga que mora em outra cidade.
-
   Ela está sentada em um banco qualquer. O garoto de cabelos castanhos e cabelos um pouco grandes, de olhos machucados está ao seu lado.
   Ele não está bem. Não mesmo.
   Ela se quebra por dentro.
   Ela não sabe o que dizer.
-
   Ela não entende o mundo.
   Ela não entende os pais.
   Ela não entende os parentes.
   Ela finge que entende o motivo de estar andando e respirando por aí.
-
   Ela pensa se as pessoas que lerão isso vão notar quais partes são sobre eles.
   Porque ela diz que não poderia ser mais clara.
   Mas no fundo ela sabe que tem medo de dizer na cara.
-
   Ela não consegue dormir. Ela tenta. Ela realmente tenta.
   Mas ela falha.
   Como sempre.
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   Ela sempre diz algo que acaba acontecendo.
   Infelizmente ninguém a ouve.
   Talvez ela só queira um pouco de reconhecimento.
-
   Ela está sempre disposta a ajudar.
   Mas às vezes ela também precisa de ajuda.
-
   Ela se vê cara-a-cara com o garoto que estava discutindo com a garota baixa. Ele está sorrindo.
   Ela finge sorrir e faz de tudo para ser simpática.
   Por dentro ela está gritando à si mesma o quão hipócrita ela é.
-
   Foi naquele momento, sentada naquele sofá, que ela se sentiu como uma intrusa.
   E a casa que ela considerava como sua segunda, era apenas mais uma das várias casas que ela não se sentia à vontade.
   Seus sábados nunca mais seriam os mesmos.
   Ela não queria mais voltar para lá.
-
   Ela segura o choro.
   Ela diz à si mesma para não chorar.
   E, como sempre, ela engole o choro.
   E algo dentro dela se quebra.
   Outra vez.
-
   Ela se pergunta se quem ler isso vai notar que só duas cenas realmente aconteceram.
   Mas que todas são para representar o que ela sente.
   Ela sorri amargamente.
   "É claro que não".

3 comentários:

  1. AAAH MORRI BEIJOS. Eu acho que estou na sua historinha, q. *---------* beiJONES de baTOM bem LEEgais sem JUDDiação pra voce aboure <3

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  2. eu apareço de duas a tres vezes...
    precisamos conversar sériamente.

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